O Rio Piauí, que nasce cristalino no povoado Palmares, em Riachão do Dantas, percorre municípios importantes de Sergipe, sustentando comunidades ribeirinhas há gerações. Mas o que deveria nutrir vidas e histórias agora carrega medo, insegurança e poluição.
Comunidades ribeirinhas à beira do colapso
Em Porto d’Areia, pescadores relatam a devastação do ecossistema local e a impossibilidade de exercer a pesca, fonte de sustento e tradição.
“Aqui não tem como pescar. Tem muito dejeto jogado no rio, e os peixes ficam contaminados.”
Um pescador, que trabalhou 21 anos na indústria de laranja, reconhece os resíduos químicos no rio: uma mistura de soda cáustica e produtos industriais que mata os peixes e compromete a vida de quem depende do rio.
Indústrias e descaso
Moradores afirmam que as indústrias locais despejam dejetos diretamente no rio, especialmente à noite ou em dias de chuva, dificultando qualquer fiscalização. Apesar das coletas de amostras feitas pela ADEMA em 2023 e 2025, respostas concretas nunca chegaram à população.
O impacto na vida de quem depende do rio
O que era fonte de sustento se tornou ameaça: sem peixe, sem banho seguro, sem segurança alimentar, os ribeirinhos veem suas vidas transformadas.
Carlito, pescador há mais de 60 anos, descreve a realidade:
“Eu tenho que pescar a mais de uma hora da minha casa agora. Tenho que comprar combustível e gelo. O rio está fedendo e não dá para tomar banho.”
Tradição e cultura ameaçadas
As comunidades mais afetadas — Miranga, Porto da Areia e Rua da Palha, em Santa Luzia do Itanhy — são peças fundamentais na cadeia alimentar sergipana, e a falta de atenção do poder público compromete a vida, a cultura e a economia local.
“Antigamente a gente pescava muito, trazia baldes de camarão e siri. Hoje, não pega nada.”
Um apelo por respostas
Do alto, o Cristo observa Porto D’Areia, mas quem olha pelos pescadores e pelo rio que dá vida?
Salvar o Rio Piauí não é apenas ambiental: é preservar famílias, tradições e a esperança de gerações futuras.
Que esta denúncia desperte consciência, que as autoridades respondam, e que o rio volte a pulsar com vida, dignidade e esperança.
