FTD Educação promove o evento Família & Escola: Conexão que Transforma – OPEE em Aracaju, com Léo Fraiman

De
Pesquisador Paulo Marcelo
Jornalista, Intelectual Público, Pesquisador, Comunicador, Fotógrafo, Professor, Palestrante, Designer e Busólogo.

Estivemos presentes, a convite da FTD Educação, no evento “Família & Escola: Conexão que Transforma – OPEE”, realizado em Aracaju, no dia 02 de setembro”.
O encontro reuniu centenas de profissionais da área da educação da rede privada de ensino, em uma tarde de imersão, diálogo e troca de experiências sobre o futuro da escola e o papel da família na formação integral dos estudantes.

Essa foi a segunda vinda do psicoterapeuta, escritor e educador Léo Fraiman a Aracaju, e o Vozes365 acompanhou de perto a palestra e o registro das principais ideias compartilhadas por um dos maiores nomes da psicologia educacional do país.
Nesta matéria, reunimos os trechos mais marcantes da entrevista exclusiva e da apresentação de Léo, que reforçam o poder transformador da educação quando família, escola e sociedade caminham juntas.

Para ele, levar a metodologia OPEE a diferentes cidades do país é mais do que um projeto profissional — é um sonho de transformação coletiva.

“Eu fui uma criança muito sonhadora. E percebi, ao longo de 24 anos em sala de aula, que é da aliança entre família e escola que nasce a mágica da educação. Quando a família fala uma coisa e a escola fala outra, a criança enlouquece. Hoje vivemos uma relação esquizofrênica entre pais e professores”, afirma.

A ilusão da felicidade constante

Fraiman alerta para uma narrativa perigosa que tem adoecido alunos, pais e professores: a ideia de que as crianças precisam ser felizes o tempo todo.
Segundo ele, essa busca incessante por evitar qualquer frustração tem gerado uma geração ansiosa, dependente de telas e emocionalmente despreparada para a vida.

“Os pais acreditam que estão ajudando os filhos, mas estão viciando-os em não se frustrar. O prazer substituiu a felicidade. E quando a frustração chega, ela vem devastadora.”

Essa preocupação inspirou o nascimento da metodologia OPE. A proposta é formar jovens emocionalmente equilibrados, capazes de lidar com desafios e projetar um futuro com propósito.

Do sonho à metodologia que chegou à ONU

O projeto nasceu de uma inquietação pessoal. Quando adolescente, Léo conta que não teve nenhuma orientação profissional e acabou prestando vestibular para Administração. Foi apenas ao ler A História Sem Fim, de Michael Ende, que entendeu a importância dos sonhos e decidiu mudar de rumo.
Anos depois, inspirado também por O Homem em Busca de Sentido, de Viktor Frankl, criou uma metodologia voltada à construção de um projeto de vida com sentido.

Hoje, a OPE está presente em centenas de escolas públicas e privadas, alcançando mais de meio milhão de estudantes, e já foi apresentada na sede da ONU, em Genebra, como exemplo de formação de líderes para o futuro.

“Mais do que ajudar o aluno a sonhar, é ajudá-lo a construir um projeto para o seu sonho. Quando o estudante entende que pode transformar o mundo, ele não teme mais o futuro — ele o toma nas mãos.”

A crise da comunicação entre pais e escola

Para Fraiman, um dos principais entraves da educação atual está na comunicação entre família e escola.
De um lado, professores sobrecarregados e cobrados apenas pelos resultados negativos; de outro, pais que terceirizam responsabilidades e desautorizam educadores.

“A escola chama os pais apenas para reclamar. E os pais, quando aparecem, dão carteirada ou criticam o professor. Isso destrói o vínculo de confiança. A relação precisa ser de parceria, não de disputa.”

Ele ressalta que superproteger também é uma forma de abandono:

“A forma contemporânea de abandono é a superproteção. É dar tudo para o filho para não ser odiado. Isso não é amor, é vaidade.”

A geração mais limitada da história

Com tom firme, Fraiman faz um diagnóstico duro sobre a infância contemporânea.

“As crianças de hoje não têm olho no olho, não têm referência, não têm valores, não têm incentivo, não têm tempo para brincar, nem proteção. Estão limitadas. Essa é, paradoxalmente, a geração mais limitada da história.”

Para ele, isso é consequência direta de um modelo de paternidade emocionalmente ausente e de um sistema social que perdeu o senso coletivo.

“As crianças estão sendo violadas no seu direito de serem cuidadas. Ter filho, quase todo mundo quer. Mas quem quer cuidar, colocar limite, acompanhar, poucos querem.”

O colapso do “nós” e a era da umbigolatria

Fraiman relaciona a crise da educação com uma crise moral e social mais ampla.

“Vivemos uma cultura de umbigos. Cada um olha para o seu. O tecido social foi se esgarçando, e isso se reflete na escola, na família, nas ruas. A falta de referências positivas e de líderes éticos nos afastou do senso de comunidade.”

Ele lembra que o ser humano foi biologicamente projetado para o bem:

“Quando você mente, o coração acelera. Quando você faz o bem, o corpo relaxa. O problema é que estamos alimentando o medo, o cinismo e o egoísmo. Precisamos resgatar o senso de pertencimento.”

“É tempo de uma convocação franciscana”

No encerramento, Léo Fraiman lança um chamado à ação — simples, mas profundo.

“Precisamos ter coragem de fazer o certo. Coragem de parar de encher nossos alunos e filhos de pessimismo. O OPE é isso: uma convocação franciscana para sermos paz em tempos de guerra, luz em tempos de escuridão.

Não existe não-ação. Omitir-se também é um comportamento. E quando você se omite, você se torna parte do problema — e não da solução.”

Entre tantas vozes, a de Léo Fraiman ecoa como um chamado à responsabilidade coletiva.
Porque educar é cuidar — e cuidar é transformar.
Nós, do Voto 365, acreditamos que a educação é o maior instrumento de mudança social, e que encontros como este são sementes de um novo tempo.

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Jornalista, Intelectual Público, Pesquisador, Comunicador, Fotógrafo, Professor, Palestrante, Designer e Busólogo.