O engavetamento registrado na manhã de 4 de dezembro, por volta das 10h, na BR-101, no trecho que liga Capela a Japaratuba, reacendeu o alerta sobre um problema recorrente nas rodovias federais: a ausência de sinalização adequada a longa distância durante operações de pare e siga. O acidente, que por sorte não deixou vítimas fatais, poderia ter sido evitado se os motoristas tivessem recebido informação antecipada suficiente para reduzir a velocidade com segurança.

No local, obras eram realizadas sob o sistema de tráfego intermitente. Porém, relatos de quem utiliza diariamente a rodovia indicam que faltavam avisos prévios em pontos estratégicos, especialmente em áreas de declive, onde a visibilidade diminui e o tempo de reação é menor. A responsabilidade por essa sinalização e pela segurança do fluxo viário é do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
Profissionais de segurança do trabalho e engenharia de tráfego que analisaram as imagens apontam que a dinâmica do engavetamento é clara: a fila estava completamente parada, como ocorre no pare e siga, mas sem sinalização suficiente para alertar quem se aproximava. Motoristas não tiveram tempo hábil para perceber a interrupção total do fluxo, o que configurou um cenário previsível de acidente em uma rodovia com grande volume de veículos.
A ocorrência remete a outro caso grave registrado em 2015, também na BR-101, em trecho próximo a municípios do Leste Sergipano. Na ocasião, uma carreta colidiu com veículos parados e provocou explosões que resultaram na morte de uma família inteira. O episódio ganhou repercussão nacional e expôs falhas de gestão e infraestrutura que, quase dez anos depois, permanecem sem solução efetiva.
Especialistas em direção defensiva afirmam que a atenção do condutor é indispensável, mas não se pode responsabilizar exclusivamente o motorista por acidentes provocados pela falta de aviso prévio e planejamento operacional. A falha humana existe e é prevista pelas normas técnicas, o que torna ainda mais necessário que o órgão administrador compense esses riscos com engenharia e sinalização adequadas.

As normas brasileiras e o Código de Trânsito exigem que operações temporárias tenham cadeia de sinalização progressiva, incluindo avisos instalados a centenas de metros antes do ponto da obra, reforço de placas em áreas de descida, controle de velocidade e repetição constante das informações ao longo do trecho. No acidente entre Capela e Japaratuba, esses critérios não foram observados de forma suficiente, de acordo com quem trafega pela via.
Sem aviso adequado, qualquer distração mínima pode resultar em colisões sucessivas. Engavetamentos em obras não são fatalidades. Na maior parte dos casos, são consequência de falhas de gestão, sinalização insuficiente e ausência de planejamento.
A expectativa é que o DNIT se manifeste oficialmente, avalie os erros e implemente medidas imediatas para evitar que situações como essa se repitam. A população que depende diariamente da BR-101 não pode continuar contando com a sorte para atravessar um trecho que deveria ser seguro e previsível.

