Na última sexta-feira, 15, a prefeitura de Aracaju divulgou a substituição da cantora Iza nas comemorações do aniversário da capital pela cantora fluminense Ludmilla. A substituição se deu por motivos de saúde de Iza e custará um aumento de R$ 210 mil nos custos de cachês pagos pelo erário.
A apresentação de Iza estava prevista para amanhã, 17 de março, dia em que se comemora o aniversário da cidade. Para o show da artista, a Fundação de Cultura de Aracaju (FUNCAJU) havia firmado contrato no valor de R$ 560 mil, via dispensa de licitação, como é de praxe para a contratação de atrações artísticas.
Em vídeo publicado no Instagram do prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PDT), Iza lamentou o cancelamento e recomendou que os fãs usem repelente e bebam água. Além da recomendação, pertinente em meio aos casos de dengue, reiterou o carinho pelos fãs sergipanos e externou a vontade de realizar uma apresentação no estado.
Ainda na sexta, a FUNCAJU publicou o termo de contrato no valor de R$ 770 mil reais para a contratação do show de Ludmilla de apenas 70 minutos. A contratação se deu através da empresa “Sem Querer Producoes Artisticas Ltda”. Na justificativa, a FUNCAJU explicita que “a braba Cantora de apenas 27 anos, acumula punhado de hits em carreira ascendente e eclética, sendo a primeira negra da América Latina a alcançar a marca de 1 bilhão de streams no Spotify”.
Sobre o robusto valor, a FUNCAJU informa que Ludmilla encaminhou uma nota fiscal de 2023 e mais duas do corrente ano, referentes a apresentações realizadas por ela. Segundo o entendimento da fundação, “comprovando que o valor ofertado à FUNCAJU, encontra-se equivalente ao que vem sendo praticado em outros municípios e entes públicos, levando em conta os aumentos decorrentes da atual situação econômica e financeira do país”.
No entanto, o alto valor chama atenção em comparação a outros cachês cobrados pela artista. Um show da cantora, pago pela prefeitura de São Paulo (SP) em junho de 2022, ficou em R$ 220 mil, sendo localizado outro no município de Quissamã, no Rio de Janeiro, em maio de 2023, no valor de R$ 350 mil. Para se apresentar na Expo Cordeiro em julho de 2023, em Cordeiro (RJ), a cantora recebeu um cachê de R$ 300 mil. Mais recente, em dezembro de 2023, para participar das festividades de réveillon na cidade de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, o cachê subiu, como tradicional do período, para R$ 410 mil.
Com o valor desembolsado para pagar apenas o cachê de Ludmilla, Aracaju poderia contratar, seguindo os preços pagos pela prefeitura de São Cristóvão, os shows de Marina Sena (R$ 185 mil), Zeca Baleiro (R$ 115 mil), Djonga (R$ 160 mil), Liniker (R$ 122 mil), A Banda dos Corações Partidos, Oito Cotovelos, Samba de Moça Só (R$ 6 mil), Lívia Aquino, Mayra Felix (R$ 8 mil), The Baggios (R$ 25 mil) e ainda sobraria o suficiente para contratar Mariene de Castro, colocando um show afim das religiões afro no meio de 6 shows gospels da programação.
É inegável o tamanho e a qualidade artística de Ludmilla e os desafios que uma contratação próxima ao dia do evento impõe, mas é importante que os gestores públicos reflitam sobre o uso do dinheiro público. Aracaju pagará R$1.3 milhão nos shows de Ludmilla e Belo (R$530 mil), montante suficiente para montar a grade de pelo menos dois dias de festa com artistas locais e nacionais para celebrar a nossa terra.
Por André Carvalho
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