O conflito entre o delegado e a deputada ganhou repercussão no estado após o caso de agressão da última sexta, 19
Em resposta às críticas que vem recebendo nos últimos dias, o delegado André David, responsável pela investigação do caso envolvendo agressões entre um homem e três mulheres trans no centro de Aracaju, esclareceu sua postura em uma declaração exclusiva à Realce nesta segunda-feira, 22.
Ele enfatizou que, independentemente de quem comete o crime, seu papel é combater a criminalidade: “Meu papel é combater o crime, independentemente de quem cometa, se for homem, mulher, trans, hetero, negro, branco, pobre, rico. Meu papel é combater o crime, e é isso que estou fazendo”, disse ele, após ser acusado de transfobia ao se referir às mulheres trans no masculino.
Respondendo a críticas específicas sobre suas declarações, ele ressaltou a distinção entre seu papel profissional e a atuação de militantes, principalmente, após os posicionamentos da deputada estadual Linda Brasil (PSOL) e do delegado Mário Leony. “Em relação à deputada, ela está fazendo política, a parte dela, eu tenho que ser profissional, me ater ao fato, que existiu, as imagens são claras, foi um crime e eu tenho que investigar”, disse.
“Em relação ao posicionamento do delegado, foi um delegado só e de uma deputada, que tratam-se de militantes. Eles são militantes, defendem um nicho da sociedade. Eu sou profissional, defendo a sociedade inteira”, acrescentou.
Mário repudiou o que, segundo ele, foi uma tentativa de criminalização de corpos trans, em pleno mês da visibilidade. “Transfobia é crime!”, enfatizou. Já Linda apresentou duas Representações no Ministério Público (MP) contra André David, contestando a condução midiática do caso, especialmente suas declarações em tom de ameaça em relação às pessoas trans acusadas de agredir o homem no Centro de Aracaju na última sexta-feira, 19.
Além disso, David destacou seu compromisso com a defesa até mesmo dos militantes, caso se tornem alvos de criminosos: “Eu defendo inclusive eles, militantes, caso eles sejam alvos de criminosos. Até eles eu vou defender porque é meu papel, minha obrigação.”
A Realce procurou a deputada Linda Brasil para maiores esclarecimentos sobre as medidas tomadas por ela em relação ao caso. A parlamentar afirmou que acompanha o desdobramento desde as primeiras circulações de imagens na internet, destacando a necessidade de uma apuração imparcial por parte da polícia, com respeito aos direitos humanos e ao devido processo legal.
Além disso, ela destacou, em nota enviada à revista, que na manhã desta segunda-feira, 22, esteve no Departamento de Atendimento aos Grupos Vulneráveis (DAGV) e na Superintendência da Polícia Civil, onde se reuniu com representantes de movimentos sociais e órgãos de atendimento especializado à população LGBQIA+ para tratar sobre o caso.
Confira a nota da parlamentar na íntegra:
“A Mandata acompanha o caso desde as primeiras circulações de imagens na internet. Buscou-se entender o ocorrido que envolve três mulheres trans. Acompanhamos, também nas redes sociais, a maneira depreciativa, estereotipada, criminosa, sempre com o recorte transfóbico e preconceituoso das manifestações dirigidas às mulheres trans.
Defendemos que a polícia precisa apurar os fatos de maneira imparcial, com respeito aos direitos humanos e com o devido processo legal. É preciso explicar para a sociedade o que ocorreu de forma séria e sem sensacionalismos ou pré-julgamento. Nosso posicionamento será sempre contrário a todas as formas de violência.
Da mesma forma que repudiamos os atos de violência, também não aceitaremos a transfobia institucional e a prática de discurso de ódio cometidas pelo delegado responsável pela investigação, em vários veículos de comunicação e em suas próprias redes sociais. É preocupante e criminoso o tom de ameaça dirigido às mulheres trans envolvidas nas cenas, que não é compatível com a função de quem está como servidor da lei.
Protocolamos, no último sábado, 20, uma representação junto ao Ministério Público do Estado (MPE), na Promotoria de Controle Externo da Atividade Policial, e à Corregedoria da Polícia Civil para que investiguem a conduta parcial, sensacionalista, autoritária e transfóbica do delegado.
Na manhã desta segunda-feira, 22, a deputada esteve no Departamento de Atendimento aos Grupos Vulneráveis (DAGV) e na Superintendência da Polícia Civil, onde se reuniu com representantes de movimentos sociais e órgãos de atendimento especializado à população LGBQIA+.”
Fonte: Revista Realce
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