A ilha da praia do Viral, que fica localizada no litoral sul de Sergipe, na divisa entre os municípios de Aracaju e Itaporanga D’Ajuda, é um atrativo para banhistas. No entanto, a faixa de areia de cerca de 100 metros de comprimento corre o risco de desaparecer.
O alerta é uma das primeiras conclusões do Panorama de Estabilidade Geológica do Litoral Sergipano, realizado pelo Laboratório de Progeologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS), em parceria com a Defesa Civil Estadual, Defesa Civil de Aracaju, Secretaria do Meio Ambiente de Aracaju, Empresa de Obras e Urbanização de Aracaju, ICMBio e Projeto Tamar.
Causa
Segundo o geocientista e pesquisador do Laboratório de Progeologia da UFS, Júlio César Vieira, foi possível sentenciar através de imagens de satélite, que o Viral era uma área em perigo de desaparecimento e extinção, diante do avanço do mar na região.
“Isso foi reforçado recentemente com o rompimento de uma barra arenosa na praia. Não somente esse ponto de ruptura que existe hoje que está se aprofundando, mas também há outro ponto mais a Leste da praia que corre o risco de ser rompido. Com isso, teremos dois pedaços isolados do Viral, duas pequenas ilhotas, que ficarão isoladas e, portanto, bastante suscetíveis a uma ação marinha mais intensa”, diz.
O pesquisador também explica que o histórico de acesso descontrolado de veículos, impedem que a vegetação do local cresça e se desenvolva, o que possibilita um serviço ambiental fundamental. “Esse serviço ambiental é o quê? É a oportunidade que a vegetação oferece para que o sedimento [pedaços de solo ou de rochas deteriorados em pequenas partes, ou até em pó, ou poeira] depositado no rio e no mar se consolide, evitando ficar mais vulnerável a qualquer ação”, completou Júlio.
Consequência
A flora e a fauna também são preocupações constantes quando se trata da questão do impacto no local, por isso o geocientista reforça que o impacto já está consolidado. Do ponto de vista da flora, o que há de consequência é a perda de sedimentos, que podem ser carreados para os manguezais adjacentes. “Já do ponto de vista da fauna, uma coisa que nos preocupa é a erosão forte no litoral norte de Itaporanga. Todo aquele espaço está perdido para a desova de tartarugas marinhas”.
O evento erosivo no Viral não é um acontecimento isolado dentro da foz do Vaza Barris e a tendência de médio prazo é o seu desaparecimento, aponta o pesquisador. “A nossa conclusão é que muito provavelmente já ultrapassamos o ponto de retorno para a sobrevivência do Viral. Com a primeira ruptura da barra arenosa e com uma segunda ruptura que pode acontecer, as pequenas ilhotas que vão ficar ali ficarão bastante susceptíveis a uma série de problemas que vão diminuir o seu porte cada vez mais. Então, é muito difícil falar em uma recuperação natural do Viral”, conclui Júlio César Vieira.
por Beatriz Fernandes e Aisla Vasconcelos
com informações da UFS
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