A obesidade é uma das doenças mais desafiadoras e perigosas do século XXI, devido aos hábitos alimentares e estilo de vida de toda a população. Nesse sentido, o Dia da Conscientização contra a Obesidade Mórbida Infantil, celebrado no último dia 3 de junho, destaca a importância da alimentação e da atividade física para o desenvolvimento das crianças e as consequências para a vida adulta. A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), por meio dos especialistas dos hospitais universitários vinculados, entende que a prevenção é fundamental para garantir uma vida saudável.
A obesidade é uma doença crônica, epidêmica, complexa e multifatorial causada por um balanço energético positivo, resultando em aumento de gordura corporal e peso, destaca a endocrinologista pediátrica do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), do Complexo Hospitalar da UFC (CH-UFC), Ana Paula Montenegro. Em crianças acima de dois anos e adolescentes, é utilizado o índice de massa corpórea (IMC) para o diagnóstico de obesidade, mas a interpretação é diferente, tendo como referência os gráficos da Organização Mundial de Saúde (OMS) que avaliam: peso, altura, IMC e a relação peso x comprimento. Em crianças menores de que dois anos, é utilizado o índice peso/comprimento (IPC).
A obesidade infantil pode levar a doenças graves na vida adulta, incluindo síndrome metabólica, doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. Também, segundo a especialista, aumenta o risco de complicações como ovário policístico, apneia obstrutiva do sono e neoplasias. Além disso, a criança obesa tem maior probabilidade de desenvolver puberdade precoce, principalmente se for menina. O tratamento da obesidade requer uma abordagem multiprofissional, com a participação da família e apoio psicológico, pois a ansiedade é um fator relevante na doença.
O tratamento precoce, com mudança no estilo de vida, é a primeira opção, porém, em alguns casos, pode ser necessário o uso de medicamentos de forma individualizada. Vale ressaltar que há poucos fármacos aprovadas para o tratamento de obesidade em crianças no Brasil e no mundo. Ana Paula alerta: “a utilização isolada de medicamentos para perda de peso não tem um efeito benéfico, sendo importante orientar os pacientes e a família sobre a necessidade de manter hábitos de vida saudável, de mudanças no estilo de vida”.
Como enfrentar a obesidade infantil e desenvolver bons hábitos?
Na visão do endocrinologista pediátrico do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD), Paulo Serra Baruki, a obesidade infantil é um problema complexo que exige a participação ativa da família. Para combater, é necessário identificar a relação da criança com a alimentação. Os pais são os principais responsáveis pelos hábitos alimentares saudáveis e pela escolha dos alimentos que são oferecidos.
O especialista recomenda refeições realizadas em conjunto, para fortalecer os laços de afeto e ensinar a mastigação lenta e consciente, bem como priorizar alimentos saudáveis como pão, arroz e macarrão integrais, além de vegetais frescos e frutas. É importante evitar alimentos industrializados, ricos em açúcar e gordura, como biscoitos, refrigerantes, bolos, sorvetes e refeições prontas congeladas.
A mudança de hábitos alimentares deve ser encarada como um processo gradual e contínuo, que exige comprometimento e dedicação. “Uma atividade interessante é envolver a criança na realização da escolha dos alimentos para a refeição, estimular a preparação do mesmo, participar da elaboração da lista de compra do supermercado… dessa forma, aos poucos, os pais vão construindo com a criança uma relação saudável, inclusive no campo afetivo”, aconselha Paulo. Também, é importante evitar distrações durante as refeições, por exemplo, não utilizar tecnologia à mesa.
Além disso, é preciso considerar a idade, habilidades e desenvolvimento da criança para orientar atividades físicas regulares, salienta Paulo. É recomendado consultar um pediatra antes de iniciar exercícios físicos, sobretudo, em crianças com sobrepeso/obesidade ou doenças crônicas, para uma orientação adequada e cuidados especiais. A prática regular de atividade física ajuda as crianças a perderem peso e previne doenças. Para incentivar o exercício, é necessário limitar o tempo de telas, procurar atividades que a criança goste, envolver a família em práticas ao ar livre e permitir que ela experimente diversas atividades, como judô, natação, karatê, escolinha de futebol ou dança.
Criança não fica obesa sozinha
A endocrinologista pediátrica do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG), Renata Machado Pinto, destaca a importância do Dia da Conscientização contra a Obesidade Mórbida Infantil para informar a população. A especialista observa que há uma crescente falta de compreensão em relação ao que é considerado um estilo de vida saudável para as crianças e, assim, muitos consideram que uma obesa está dentro da normalidade. Além disso, enfatiza que é preciso mudar essa visão e compreender que o IMC das crianças é mais baixo do que o dos adultos e que a proporção do corpo é diferente.
A cultura de bebês fofinhos e gordinhos precisa ser modificada, pois a partir dos dois anos de idade, a criança deve ter um aspecto mais magro. Aos cinco anos, é normal que a criança esteja mais fininha e se ela ainda apresenta uma aparência de bebê, com barriguinha, braços e rosto gordinhos, é sinal de obesidade. Renata alerta “que a população desconhece a maneira de interpretar o visual da criança e os dados de IMC que, para adultos é muito difundido, todo mundo sabe, mas o de criança, ele é diferente e é pouco explicado”.
Tratar a obesidade infantil é complicado, assim como na vida adulta. Mas, ao contrário dos adultos, a criança não fica obesa sozinha, “não tem como exigir que uma criança coma de uma forma mais saudável, sem ultraprocessados ou guloseimas no dia a dia, se dentro de casa tem isso”, esclarece Renata. Mesmo que os pais não estejam obesos, eles permitem que a criança coma mais do que gasta. Para prevenir e tratar a obesidade infantil, a família precisa mudar o estilo de vida todo, “só vai funcionar, tanto a prevenção quanto o tratamento de obesidade pediátrica, quando a família abraçar e mudar o estilo todo da família”, orienta Renata. É difícil, mas é a única maneira de vencer essa batalha, garantindo um futuro saudável para as crianças.
Sobre a Rede Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Fonte: Ebserh
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