Doar órgãos é salvar vidas. A frase que parece clichê representa milhares de pessoas que estão em filas de transplantes no mundo. No Brasil e, principalmente, em Sergipe essa realidade não é diferente, afinal, esse movimento pode ser a única esperança ou oportunidade para algumas pessoas de ter uma sobrevida. Essas doações acontecem através de um doador vivo ou cadáver, identificados por um setor específico localizado no Hospital de Urgência do Estado de Sergipe Governador João Alves Filho (Huse): a Central de Transplantes.
Controlado pela Secretaria de Estado da Saúde, o setor tem a função de organizar, coordenar, regular e fiscalizar o sistema de transplantes estadual, a unidade conta com o apoio da Organização de Procura de Órgãos (OPO), responsável por buscar possíveis doadores dentro dos hospitais.
De acordo com o enfermeiro e coordenador da Central de Transplantes de Sergipe, Benito Fernandez, o estado tem potencial e autorização para realizar transplantes de diversos tipos de órgãos e tem atuado para oferecer esses procedimentos. “Essa é a primeira vez na história do estado que o Governo coloca em seu plano a política de transplante e doação. Apesar de sermos pequenos, somos pioneiros nas regiões Norte e Nordeste na realização de transplantes cardíacos, temos histórico de transplantes renais desde a década de 80, hoje fazemos de córneas, e temos melhorado o número de doadores”, admitiu.
Doação
A conversa com os familiares sobre o desejo de ser doador é o elo primordial para que um transplante seja realizado, afinal, serão eles os últimos consultados em caso de falecimento encefálico. Apesar disso, esse é um momento de ressignificar a tristeza numa nova oportunidade de vida para outra pessoa. Darcyane Costa destacou que esse diálogo deve ser enfático e constante com as famílias, ponto de maior dificuldade nesse procedimento. “O entrave maior é o da família, pois a notícia gera um impacto pela perda do ente querido, e se esse processo não começar com esclarecimento do estado geral de saúde do possível doador, quando começa a investigação de morte encefálica, a negação se toma grandes proporções. Por isso, sempre ressalto a importância de manifestar sua vontade em vida”, salientou.
Operação
Para que um órgão seja coletado e, consequentemente, transplantado, alguns procedimentos precisam ser realizados. Inicialmente, os setores de produção, que são os serviços de atendimento intensivos, notificam para Organização de Procura de Órgãos o paciente com glasgow 3 – tipo de coma em que o indivíduo não responde a nenhum estímulo –, a partir disso, a equipe começa acompanhá-lo.
A depender das condições hemodinâmicas desse potencial doador é realizado o primeiro exame clínico, após um período de tempo um segundo é realizado em conjunto com um teste de apnéia, sendo realizados por médicos diferentes. Complementar a todos esses procedimentos, existe um exame de imagem, comprovando ou não a morte encefálica.
Após preenchimento da declaração de óbito, com horário do último exame que é constatado a morte encefálica, toda a preparação é iniciada, mas desde o primeiro momento já fica esclarecido para a família o estado do paciente. Neste momento, o médico do setor e a equipe que o acompanha partem para a entrevista familiar e se aceita a doação, é iniciada a preparação para todo o procedimento de transplante.
Com os testes de compatibilidade realizados, o órgão é direcionado até um receptor que está em fila, local, regional ou nacional. A captação dos órgãos é realizada inteiramente no Huse, com a equipe cirúrgica, e logo em seguida os órgãos são transportados, todos com garantias técnicas e estruturais oferecidas pelo Governo de Sergipe.
Por outro lado, caso a família não aceite a doação, é desligado todo suporte que mantinha os órgãos estáveis, para os procedimentos anteriormente descritos, e o corpo é entregue à família para velório e sepultamento.
Fonte: Governo de Sergipe
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