A Ford vai encerrar a produção de carros no Brasil. O comunicado foi feito na tarde desta segunda-feira (11) e caiu como uma bomba no mercado. A empresa está presente no Brasil há 102 anos. As três fábricas brasileiras serão fechadas: Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE), onde é fabricado o Troller. As operações de manufatura na América do Sul continuarão na Argentina e no Uruguai, de onde virão os carros importados para o mercado brasileiro.
Quando acabarem os estoques já produzidos, portanto, a Ford venderá no Brasil somente veículos importados, como a picape Ranger (que vem da Argentina) e o SUV Territory (fabricado na China). A nova família de SUVs Bronco e Bronco Sport virá do México. A ideia da empresa é vender também carros eletrificados, provenientes de outras regiões.
Alguns carros sairão de linha, pois não vai compensar importá-los. Entre eles estão dois modelos importantíssimos: o EcoSport e o Ka. Ambos são fabricados em Camaçari (BA) e, para serem competitivos, teriam que ser importados dentro do Mercosul. O Ford EcoSport, que foi líder de mercado durante 10 anos, vendeu apenas 24.031 unidades em 2020, fechando dezembro com 3.241 vendas.
O Ka Hatch se despede do mercado com um volume alto, mas o carro não é rentável. O Ka Hatch vendeu 67.446 unidades em 2020 e 8.066 em dezembro. O Ka Sedan teve 25.743 emplacamentos no ano e 2.340 em dezembro.
Outro carro que deixa de ser produzido é o Troller T4, fabricado em Horizonte (CE). Era o único modelo genuinamente brasileiro, criado em 1995 por Rogério Faria. A Ford comprou a Troller em 2007 e se concentrou no modelo T4. Era um veículo de pouco volume, mas com 200 cv de potência e extremamente elogiado pelos adeptos de off-road.
Em compensação, a Ford vai importar do México a nova família de SUVs Bronco e Bronco Sport. O México tem acordo de livre comércio com o Brasil, de forma que a empresa, com custos muito reduzidos, poderá ter preços competitivos, especialmente para o Bronco Sport, se quiser enfrentar o Jeep Compass e os novos Volkswagen Taos e Toyota Corolla Cross.
A picape Ranger produzida na Argentina, continuará sendo vendida normalmente no Brasil. Do Uruguai virá o novo Transit, que pode ser usado como furgão ou como van. Além desses carros, a empresa pretende trazer o Mustang Mach 1 promete “acelerar o lançamento de diversos novos modelos conectados e eletrificados”.
Muitos consumidores ficaram em choque com a notícia, pois a Ford está presente no Brasil desde 1919, é a marca de carros mais antiga do país. Portanto, mesmo ocupando atualmente o 5º lugar no ranking, com 139.255 automóveis de passeio e comerciais leves vendidos, a marca tem milhares de clientes, além de 282 concessionários e centenas de fornecedores.
A empresa garante que manterá “assistência total ao consumidor com operações de vendas, serviços, peças de reposição e garantia”. O Brasil deixou de ser interessante para a produção, mas continua sendo um mercado importantíssimo. Por isso, a Ford decidiu manter o Centro de Desenvolvimento de Produto em Camaçari (BA), o Campo de Provas em Tatuí (SP) e sua sede da América do Sul na cidade de São Paulo.
Veja a seguir o comunicado completo.
A Ford Motor Company anunciou hoje que atenderá os consumidores na América do Sul com um portfólio empolgante de veículos conectados, e cada vez mais eletrificados, incluindo SUVs, picapes e veículos comerciais, provenientes da Argentina, Uruguai e outros mercados, ao mesmo tempo em que a Ford Brasil encerra as operações de manufatura em 2021.
A Ford atenderá a região com seu portfólio global de produtos, incluindo alguns dos veículos mais conhecidos da marca como a nova picape Ranger produzida na Argentina, a nova Transit, o Bronco, o Mustang Mach 1, e planeja acelerar o lançamento de diversos novos modelos conectados e eletrificados. A Ford mantém assistência total ao consumidor com operações de vendas, serviços, peças de reposição e garantia para seus clientes no Brasil e na América do Sul. A empresa também manterá o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, o Campo de Provas, em Tatuí (SP), e sua sede regional em São Paulo.
“A Ford está presente há mais de um século na América do Sul e no Brasil e sabemos que essas são ações muito difíceis, mas necessárias, para a criação de um negócio saudável e sustentável”, disse Jim Farley, presidente e CEO da Ford. “Estamos mudando para um modelo de negócios ágil e enxuto ao encerrar a produção no Brasil, atendendo nossos consumidores com alguns dos produtos mais empolgantes do nosso portfólio global. Vamos também acelerar a disponibilidade dos benefícios trazidos pela conectividade, eletrificação e tecnologias autônomas suprindo, de forma eficaz, a necessidade de veículos ambientalmente mais eficientes e seguros no futuro.”
A empresa irá trabalhar imediatamente em estreita colaboração com os sindicatos e outros parceiros no desenvolvimento de um plano justo e equilibrado para minimizar os impactos do encerramento da produção.
“Nosso dedicado time da América do Sul fez progressos significativos na transformação das nossas operações, incluindo a descontinuidade de produtos não lucrativos e a saída do segmento de caminhões”, disse Lyle Watters, presidente da Ford América do Sul e Grupo de Mercados Internacionais. “Além de reduzir custos em todos os aspectos do negócio, lançamos, na região, a Ranger Storm, o Territory e o Escape, e introduzimos serviços inovadores para nossos clientes. Esses esforços melhoraram os resultados nos últimos quatro trimestres, entretanto a continuidade do ambiente econômico desfavorável e a pressão adicional causada pela pandemia deixaram claro que era necessário muito mais para criar um futuro sustentável e lucrativo.”
A Ford está constantemente avaliando seus negócios em todo o mundo, incluindo a América do Sul, fazendo escolhas e alocando capital de forma a avançar em seu plano de atingir uma margem corporativa EBIT de 8% e gerando um forte e sustentável fluxo de caixa. O plano da Ford prevê o desenvolvimento e a oferta de veículos conectados de alto valor agregado e qualidade – cada vez mais eletrificados –, com serviços acessíveis a uma gama mais ampla de consumidores.
A empresa se move rapidamente, com o objetivo de:
- Transformar seu negócio automotivo – competindo de maneira desafiadora, simplificando e modernizando todos os aspectos da empresa; e
- Crescer alavancando os pontos fortes já existentes, desafiando o negócio automotivo convencional e realizando parcerias para expandir eficiência e conhecimento.
“Trabalharemos intensamente com os sindicatos, nossos funcionários e outros parceiros para desenvolver medidas que ajudem a enfrentar o difícil impacto desse anúncio”, continuou Watters. “Quero enfatizar que estamos comprometidos com a região para o longo prazo e continuaremos a oferecer aos nossos clientes ampla assistência e cobertura de vendas, serviços e garantia. Isso se tornará evidente ao trazermos para o mercado uma linha empolgante e robusta de SUVs, picapes e veículos comerciais conectados e eletrificados, de dentro e fora da região.”
Watters acrescentou que, além da confirmação da produção da nova geração da Ranger, da chegada do Bronco, do Mustang Mach 1 e da Transit, a Ford também planeja anunciar outros modelos totalmente novos, incluindo um veículo híbrido plug-in. “Isso se alia à expansão de serviços conectados e de novas tecnologias autônomas e de eletrificação nos mercados da América do Sul.”
A produção será encerrada imediatamente em Camaçari e Taubaté, mantendo-se apenas a fabricação de peças por alguns meses para garantir disponibilidade dos estoques de pós-venda. A fábrica da Troller em Horizonte continuará operando até o quarto trimestre de 2021. Como resultado, a Ford encerrará as vendas do EcoSport, Ka e T4 assim que terminarem os estoques. As operações de manufatura na Argentina e no Uruguai e as organizações de vendas em outros mercados da América do Sul não serão impactadas.
A Ford continuará facilitando alternativas possíveis e razoáveis para partes interessadas adquirirem as instalações produtivas disponíveis.
Em decorrência desse anúncio, a Ford prevê um impacto de aproximadamente US$ 4,1 bilhões em despesas não recorrentes, incluindo cerca de US$ 2,5 bilhões em 2020 e US$ 1,6 bilhão em 2021. Aproximadamente US$ 1,6 bilhão será relacionado ao impacto contábil atribuído à baixa de créditos fiscais, depreciação acelerada e amortização de ativos fixos. Os valores remanescentes de aproximadamente US$ 2,5 bilhões impactarão diretamente o caixa e estão, em sua maioria, relacionados a compensações, rescisões, acordos e outros pagamentos.
Fonte: terra.com.br
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